No período após a pandemia, a tendência provavelmente será um mercado cada vez mais competitivo, objetivando otimização de recursos materiais e humanos, além de uma governança corporativa eficiente e dinâmica, no sentido de se adaptar às demandas ainda desconhecidas e dentro de um cenário econômico mais desafiador. A gestão deverá se tornar ainda mais estratégica, e um desafio importante no processo de acreditação será direcionar e avaliar o desenvolvimento de ferramentas dentro das instituições de saúde que permitam a manutenção da segurança e qualidade técnica, mas com equilíbrio do pilar financeiro e com perspectiva de crescimento e competitividade no pós-crise. A gestão da qualidade técnica, experiência do paciente e promoção de melhoria contínua podem ser diferenciais para empresas de saúde, incluindo-se a valorização e investimento em melhoria de desempenho global do time assistencial, que é fator fundamental para desenvolvimento institucional. Mesmo com menos colaboradores, as empresas podem desenvolver estratégias em saúde com segurança, qualidade, valorização humana, desde que tenham desenvolvido um autoconhecimento crítico e capacidade de desenvolver estratégias inovadoras que possibilitem atravessar períodos economicamente mais turbulentos.
É intrínseco à natureza humana: diante de um problema, tende-se a focar no que é urgente de resolução. No caso, a pandemia e suas consequências. Só que, paralelamente, esse foco prioritário começa a aparecer em outras questões, como a gestão de pessoas. Neste sentido, é comum que os colaboradores, sejam médicos, enfermeiros, etc., se sintam desmotivados, desorientados e sem propósito. E cabe à empresa ser transparente e objetiva sobre o assunto para, justamente, evitar que essas questões se convertam em baixa produtividade, falhas assistenciais e até mesmo eventos ao paciente.
Ignorar os problemas levantados na análise crítica nunca é a melhor solução. De nada adianta cobrar as mesmas metas, os mesmos resultados e trabalhar com projeções que não previam os acontecimentos relacionados à pandemia. Além de motivar e favorecer espírito de grupo, as ações devem qualificar ainda mais o time. A avaliação de desempenho deverá exercer um papel não punitivo ou de apenas simples finalidade de estratificação de recursos humanos, mas deverá ser utilizada como uma ferramenta de melhoria e investimento no profissional, baseando-se em critérios que englobem não somente princípios técnicos, mas também avalições subjetivas de qualidade percebida aferidas pela própria experiência do paciente. Com a avaliação de desempenho, é possível identificar os fatores que merecem atenção nas áreas de planejamento de recursos humanos, assim como suas políticas de recrutamento, seleção e educação continuada. A governança precisará absorver ainda mais o conceito de trabalho em time, e o processo de acreditação poderá ser utilizado para guiar tais corporações neste momento, promovendo melhorias e saindo-se mais fortalecidos. A união da empresa é essencial para garantir que todos compreendam a realidade e que, sim, existem alternativas para contornar adversidades ou qualquer outro problema que aflija a organização.
A CMA vem desenvolvendo um programa de educação continuada com todos os anestesiologistas, envolvendo todos os médicos em melhorias de outros setores do hospital além daqueles relacionados ao centro cirúrgico, como forma de agregar o time assistencial em prol de um objetivo relacionado ao sucesso do hospital como um todo e melhoria da segurança e qualidade assistencial. A integração com outros setores durante a pandemia, como UTI e emergência, também fortaleceu parcerias na intuição e propiciaram maior integração e sinergia. Acreditamos que o futuro pós-pandemia é desafiador, mas bastante promissor em relação à gestão em saúde e ao desenvolvimento de estratégias de melhoria que perdurarão além da pandemia.
Por André Mortari Plá Gil – Coordenação da Anestesia Hospital São Luiz – Itaim | CMA – Clínica Médica Anestesiológica