Os tumores carcinoides são neoplasias neuroendócrinas raras de crescimento lento, porém, com potencial de metástase, cuja incidência varia conforme a idade, o gênero e o local de origem. Esses tumores podem secretar hormônios e peptídeos vasoativos, como serotonina, histamina, bradicinina, dopamina, substância P, prostaglandinas e calicreínas.
A síndrome carcinoide pode surgir quando os peptídeos secretados pelas células tumorais entram na circulação sistêmica e se alojam no trato gastrointestinal, no trato respiratório, no sistema cardiovascular e na pele. A manifestação da síndrome clássica varia conforme a extensão da doença (localizada ou metastática) e o local de origem do tumor primário.
Os sintomas se manifestam classicamente com rubor súbito (acomete a pele, se apresenta na face, colo, tronco e abdômen), sibilância e broncoespasmo (acometimento pulmonar), diarreia (sintomas gastrointestinais), além de hipertensão ou hipotensão (sinais cardiovasculares).
O anestesista tem um papel importantíssimo no atendimento ao paciente com esse diagnóstico, pois os mediadores liberados pelos tumores carcinoides geram sintomas específicos e que podem oferecer risco durante o procedimento de anestesia. O pulmão é o local mais comum que a síndrome carcinoide se manifesta, além do trato gastrointestinal.
A crise carcinoide, que é a forma da síndrome que ameaça a vida, pode ser desencadeada, entre outros motivos, pela indução anestésica que gera alterações clínicas graves e o paciente pode não responder ao tratamento convencional. Daí a importância de estar sob os cuidados de uma equipe de anestesia preparada e que tenha o conhecimento para conduzir qualquer situação crítica. A administração de medicamentos de maneira segura e adequada para o paciente que apresenta a síndrome carcinoide é imprescindível para um pós-operatório com quadro hemodinâmico estável e sem ameaça à vida.
Para um procedimento de anestesia seguro, é necessário que o anestesista prepare o paciente previamente, é recomendado o uso de anti-histamínicos e controle de eletrólitos, providenciar uma pressão arterial invasiva antes da indução, controle de pressão venosa central, avaliação de broncoespasmo precocemente, controle de temperatura, monitorização neurológica, glicemia, dosagem de gasometria. A indução anestésica deve evitar a liberação de histaminas e o pós-operatório deve priorizar o controle analgésico sem o uso de opioides.
O anestesista deve adequar o planejamento anestésico com antecedência para que não haja surpresas durante o procedimento. Ainda assim, durante a indução anestésica, o paciente deve ser monitorado durante todo o tempo e, no pós-operatório, o controle cardiorrespiratório e manejo de analgesia adequados podem oferecer ao paciente uma experiência de cuidado segura e de excelência.