Covid-19 e as grávidas

Na gestação, devido às modificações fisiológicas ou a eventos adversos próprios da gravidez, sinais ou sintomas podem se sobrepor aos demais sintomas da covid-19, dificultando o diagnóstico. Contudo, não há evidências de que a analgesia no trabalho de parto, peridural ou raquidiana, seja contraindicada na presença de coronavírus.  

A analgesia peridural é recomendada para mulheres em trabalho de parto com covid-19 suspeita ou confirmada, pois confere um benefício adicional – uma vez que a capacidade de conversão rápida da analgesia peridural para a anestesia cirúrgica, caso o parto cirúrgico seja necessário, evitaria a necessidade potencial de anestesia geral, considerado um procedimento gerador de aerossol. 

A contagem de plaquetas deve ser verificada antes de planejar uma analgesia peridural ou raquidiana, pois a covid-19 foi associada à trombocitopenia, e pode estar relacionada com a gravidade da infecção. 

No parto cesárea, a anestesia epidural é preferível para as indicações usuais, pois reduz a necessidade de anestesia geral, que é um potente gerador de aerossóis. Entretanto, se a anestesia geral for necessária, a intubação em sequência rápida deve ser realizada como padrão em pacientes grávidas. 

A intubação e a extubação são procedimentos geradores de aerossóis e sempre deve-se utilizar EPI específico e minimizar o número de membros da equipe na sala durante a extubação, evitando a maior dispersão e contágio para a equipe.

O Ministério da Saúde considerou que o risco de covid-19 para grávidas ocorre em qualquer idade gestacional e para puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal), trazendo prejuízos ao desenvolvimento do feto e aumentando a morbimortalidade materna e perinatal. 

Dado os piores resultados (incluindo mortalidade elevada), entre a população com comorbidades (diabetes e/ou hipertensão), é importante considerar o potencial impacto da hiperglicemia e da hipertensão pré-existentes no resultado da covid-19 em mulheres grávidas.

Um estudo mostrou que essas mulheres têm maior probabilidade de parto cesárea, embora a maioria desses partos terem ocorrido por outras indicações e não pelo comprometimento materno devido à infecção pelo Sars-Cov-2. 

Nesse estudo, 10% das mulheres necessitaram de suporte ventilatório, enquanto a mortalidade das mulheres internadas com covid-19 foi de 1%. Outros estudos de vigilância em gestantes relatam que até 90% dos casos positivos de Sars-Cov-2 são assintomáticos.

Consideraram ainda fatores de risco para gestantes desenvolverem covid-19 grave:

  • ser afrodescendente, asiática ou de etnia minoritária;
  • presença de comorbidades, principalmente cardiovasculares ou respiratórias;
  • idade superior a 35 anos;
  • índice de massa corporal (IMC) elevado.

As maternidades e hospitais adotam normas de segurança e cuidados específicos para redução do risco de transmissão de doenças. É importante salientar que pacientes suspeitas ou confirmadas para covid-19 devem ser internadas em hospitais de referência, com maior nível de complexidade para os eventuais casos de descompensações materna e/ou fetais.

As evidências sugerem que a transmissão da infecção para neonatos e recém-nascidos de mulheres com covid-19 pode ocorrer, mas é incomum. Os desfechos para mulheres com covid-19 são, em geral, tranquilizadores.

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