O uso de antibióticos para prevenção de infecção pós-cirúrgica, conhecido como antibióticoprofilaxia, é recomendação em situações específicas. Conseguir que o antimicrobiano seja dado no momento certo e que doses suplementares sejam administradas requer uma organização multidisciplinar, principalmente, no centro cirúrgico e em especial dos anestesiologistas.
A prescrição, preparação e administração do antibiótico são de responsabilidade do anestesiologista. Para a realização deste processo com segurança, é necessário levar em consideração a escolha do tipo de antibiótico, bem como a adequação da dose ao peso do paciente e avaliação da necessidade de doses adicionais durante a cirurgia, dependendo do tempo de duração da mesma.
Diretrizes brasileiras e internacionais sugerem que as circunstâncias específicas para a realização da antibioticoprofilaxia envolvem situações em que há maior risco de exposição a áreas contaminadas do organismo ou com colocação de próteses, e respeitar o tempo máximo de até 2 horas antes da incisão cirúrgica. As recomendações também sugerem que a duração não deve exceder o período de 24h-48h, devendo, preferencialmente, cobrir apenas o período do procedimento cirúrgico. A prática rotineira de profilaxia antimicrobiana após o fechamento daincisão deve ser descontinuada porque os dados sobre regimes mais longos mostram riscos de complicações preveníveis e ausência de benefícios.
Estudos demonstram que a continuidade do período deantibioticoprofilaxia não diminui o risco de infecção de sítio cirúrgico, mas aumenta a possibilidade de ocorrência de eventos adversos, como lesão renal aguda e infecção pela bactéria Clostridium difficile, sem aumentar a proteção a infecções locais. O uso desnecessário de antibióticos também contribui para o aumento da resistência aos antimicrobióticos, um problema de saúde pública mundial que leva ao aparecimento de superbactérias.
Os profissionais da CMA seguem protocolos baseados nas recomendações científicas mais atualizadas, individualizando o cuidado de acordo com as condições clínicas do paciente, com o objetivo de reduzir o risco de desenvolvimento de uma das complicações mais temidas no processo cirúrgico – a infecção, e não causar reações adversas.